Manuel Vicente nega envolvimento de Kopelipa e Dino nos crimes ligados ao caso CIF
O antigo Vice-Presidente da República de Angola, Manuel Vicente (MV), afastou qualquer responsabilidade dos generais Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” nos crimes de que estão a ser julgados no caso relacionado com os activos do grupo China International Fund (CIF) em Angola.
As declarações constam do depoimento prestado por Vicente à Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP), lido esta semana durante uma sessão da Câmara Criminal do Tribunal Supremo, no âmbito da instrução do processo.
De acordo com MV, os projectos desenvolvidos pelo CIF, incluindo os imóveis do projecto Vida Pacífica, foram inteiramente financiados com recursos privados de investidores chineses, e não com fundos públicos.
“Os investimentos resultaram de acordos firmados com o Governo no contexto do Programa de Reconstrução Nacional”, afirmou o ex-dirigente, que na altura presidia à Sonangol e coordenava a Comissão de Negociação entre Angola e o CIF.
O Ministério Público (MP) sustenta que os três antigos altos dirigentes estiveram envolvidos num esquema de desvio de mais de 500 milhões de dólares do Estado, utilizando o projecto habitacional como fachada para apropriação ilícita de activos.
Contudo, Manuel Vicente nega veementemente qualquer manobra fraudulenta e afirma que os activos transferidos para a esfera estatal não resultam de verbas do Orçamento Geral do Estado, mas sim de investimentos externos estruturados via parceria público-privada.
Este julgamento é um dos mais aguardados do sistema judicial angolano, não apenas pela magnitude dos montantes envolvidos, mas também por envolver figuras centrais do antigo aparelho de Estado, com fortes ligações ao período da reconstrução pós-guerra e ao setor petrolífero.
A defesa dos generais Kopelipa e Dino ainda não emitiu novos comentários públicos após a leitura do depoimento de Vicente.
