Apesar de afastada do cenário financeiro nacional e com bens arrestados, Isabel dos Santos permanece como a figura que mais lucra indiretamente com a banca em Angola. A empresária, cujas participações no Banco BIC estão sob custódia judicial, é apontada como a maior beneficiária de dividendos não pagos, que totalizam 8,8 mil milhões de kwanzas.
As participações da empresária na Sociedade de Participações Financeiras (25%) e na Finisantoro Holding Limited (17,5%), ambas sediadas no exterior, impedem que receba quaisquer dividendos enquanto perdurar o arresto judicial. Isabel dos Santos está fora do país desde 2018 e é alvo de 11 acusações criminais ligadas à sua gestão na Sonangol entre 2016 e 2017. Existe ainda um mandado de detenção internacional emitido pela Procuradoria-Geral da República.
Os que mais recebem
Entre os nomes que mais lucram diretamente com a banca angolana, destacam-se:
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Lígia Madaleno, PCE e acionista maioritária do BIR, com 6,7 mil milhões Kz em dividendos.
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Rafael Kaposo, CEO do BCS, com 6,4 mil milhões Kz – um crescimento de 4 vezes face ao ano anterior.
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Francisca Kamia Kapose, também do BCS, com 6,1 mil milhões Kz.
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António Mosquito e José Jaime Freitas (do Caixa Angola), com 4,8 mil milhões Kz e 4,9 mil milhões Kz, respetivamente.
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Luís Lélis, do BAI, com 4,3 mil milhões Kz, após aumento da sua participação de 4,1% para 6,3%.
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Fernando Teles, com 4,1 mil milhões Kz, mais 3,6 mil milhões Kz via Telegest B.V., sedeada na Holanda.
Outros nomes que completam o top 10 incluem Mário Palhares, Theodore Jameson Giletti e José Antunes Neto, todos ligados ao BAI.
Lucros vão para o exterior
Pelo menos 41% dos dividendos bancários de 2024 têm como destino empresas estrangeiras. O BPI, com 48,1% do BFA, lidera com 49,5 mil milhões Kz. Seguem-se a Caixa Geral de Depósitos com 12,5 mil milhões Kz e o Standard Bank com 4,2 mil milhões Kz.
Outras entidades sediadas fora do país e com direito a dividendos incluem:
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Telesgest B.V. (Holanda)
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Finisantoro Holding Limited e Sociedade de Participações Financeiras (Malta)
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Oberman Finance Corp (Reino Unido)
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Dabas Management Limited, Lobina Anstalt e Mota Engil SGPS (Portugal)
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China Limited (estatal chinesa)
Apesar de ausente e legalmente impedida de receber, Isabel dos Santos permanece no centro das grandes fortunas bancárias em Angola – a mais lucrativa na sombra.